Soja produzida no Matopiba representa 11% da produção nacional
produção crescente de grãos da região do Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, vem colocando os holofotes nesta nova fronteira agrícola. No caso da soja, a região responde hoje por aproximadamente 11% das 115 milhões de toneladas produzidas na safra 2017/2018, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para debater os desafios de sustentabilidade para esta região, a Embrapa Soja programou um painel sobre a produção de soja em áreas de expansão agrícola, durante o VIII Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja 2018), que será realizado de 11 a 14 de junho, em Goiânia (GO).
Segundo levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (GITE) da Embrapa, o Matopiba reúne 337 municípios e representa um total de cerca de 73 milhões de hectares. Existem na área cerca 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas e 781 assentamentos de reforma agrária. O pesquisador Leonardo José Motta Campos, da Embrapa Soja, ressalta que esta nova fronteira agrícola vem atraindo sojicultores interessados em terras com valores mais acessíveis, quando comparados às do Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil. “Além disso, a região apresenta topografia plana, solos profundos, alta luminosidade e uma estação chuvosa bem definida, características que favorecem a introdução da soja”, explica. As produtividades de soja destes estados ainda são instáveis, com índices de rendimento oscilando entre 2.000 e 4.500 kg/ha. No entanto, em média, a produtividade tem ficado abaixo da produtividade nacional, que este ano foi de aproximadamente 3.300 kg/ha.
Mesmo com boas produtividades registradas na região, fatores ambientais como, a disponibilidade de água, as altas temperaturas e a radiação solar podem interferir na estabilidade e no incremento dos níveis de rendimento. Segundo o pesquisador, a restrição de água afeta o desenvolvimento da soja desde a germinação até o enchimento de grãos. “A restrição de água durante o ciclo pode ser considerada a principal limitação da produtividade, especialmente durante a fase reprodutiva (floração e enchimento de grãos)”, alerta Motta Campos.
No Matopiba as áreas de maior altitude e com predomínio de Latossolos foram preferencialmente ocupadas, mas observa-se o aumento pronunciado do cultivo da soja em áreas com outros tipos de solos (Neossolos e Plintossolos). “Juntamente com o clima, a produção vegetal nestes solos pode ser considerada um outro grande desafio para a região, porque tendem a reter menos quantidade de água e nutrientes que os Latossolos”, conta.