84% dos produtores usam ferramentas digitais
Pesquisa traçou o perfil da agricultura digital brasileira e as entraves para expansão
Uma pesquisa mostrou que o uso de tecnologias no campo amplia acesso a mercados, reduz custos e agrega valor aos produtos. Por isso cerca de 40% dos produtores brasileiros já são adeptos dessa nova onda chamada agricultura digital para realizar operações de compra e venda de insumos e 84% já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola.
Os resultados foram obtidos em entrevista com 750 participantes entre produtores rurais, empresas e prestadores de serviço sobre tendências, desafios e oportunidades para a agricultura digital no Brasil. O trabalho foi feito por meio de parceria entre a Embrapa, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram ouvidos produtores de todos estados e do DF, entre janeiro e junho.
Seja para agilizar a comunicação na hora de contratar um serviço, pesquisar o preço de um insumo ou para enxergar a propriedade com outros “olhos”, mapeando a lavoura e planejando a atividade, a pesquisa mostra um retrato atual de como esses produtores rurais estão utilizando a internet, aplicativos de celular, drones, entre outras tecnologias, e também um panorama das suas expectativas e dificuldades. Cerca de um terço dos entrevistados já usa ferramentas de monitoramento da lavoura e de meteorologia; aquelas voltadas para o bem-estar animal são 21,2% dos respondentes; e para certificação ou rastreabilidade dos alimentos, 13,7%.
Dificuldades de acesso
A amostragem revelou que acesso a informação e internet permitiram essa expansão. As ecnologias digitais têm amplo potencial de expansão e adoção no Brasil, no entanto a ausência de infraestrutura de conectividade é o maior entrave da agricultura digital para 61% dos entrevistados. Outro fator limitante é o valor do investimento, que assusta 67% dos entrevistados e aparece à frente de problemas estruturais, como a qualidade de conexão na área rural. A pesquisa mostrou ainda que 95% dos produtores desejam mais informações sobre agricultura digital.
O que deve revolucionar
A pesquisa também fez a lista de desejos dos entrevistados. Entre as soluções mais almejadas no campo estão as que melhoram planejamento e gestão, com aplicativos e plataformas. Também devem ganhar espaço as tecnologias que contam com inteligência artificial, internet das coisas, automação, robótica, big data, criptografia e blockchain.
Outro exemplo de tecnologia que avança em conhecimento e tem grande potencial de expansão nos próximos anos são as baseadas em dados ou imagens geradas por sensores remotos, como os satélites e drones. Cerca de 37% das empresas e prestadores de serviços entrevistados atuam nessa área. A tecnologia também já é utilizada por 17,5% dos produtores rurais.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP) Lúcio André de Castro Jorge, o mercado global de drones de 2016 a 2020 foi da ordem de US$ 32,4 bilhões, especificamente para agricultura. “Nesse período, o aumento no uso de drones na agricultura foi de 172%. A projeção da expansão até 2025 é exponencial”, revela.
Castro Jorge informa que o mercado relativo apenas à fabricação de drones é de 12 bilhões de dólares em negócios, com geração de emprego para mais de 100 mil profissionais no Brasil, sendo 26% só na agricultura, um negócio de US$ 2 bilhões no País até 2020. Assim, o pesquisador acredita que os preços dos veículos aéreos não tripulados devem se tornar mais acessíveis, com a disponibilização de treinamentos acompanhando a demanda, permitindo a adoção pelos pequenos produtores.
Veja os números:
Fonte: Agrolink