Carne Carbono Neutro (CCN)
CARNE CARBONO NEUTRO (CCN)
A Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) é uma das principais e mais importantes tecnologias da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono – ABC, onde numa mesma área se cultiva a lavoura, se produz carne e se produz madeira, de forma integrada, sustentável e promovendo o bem-estar animal, tendo como vantagens a intensificação do uso da terra, a diversificação da produção, a conservação do solo, o melhor uso dos recursos naturais e dos insumos, redução na abertura de novas áreas, menos uso de máquinas e combustíveis, menor compactação do solo, o sequestro de carbono, e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
A Embrapa, através da pesquisa desenvolveu processos e diferentes tipos de sistemas ILPF, com enfoque e na esteira do conhecimento e da sustentabilidade idealizou a marca – conceito “ Carne Carbono Neutro “(CCN), integrando os resultados de pesquisa a um processo e um produto único em sua concepção, aliando a compensação das emissões de metano entérico( GEE) dos bovinos e o bem-estar animal.
Carne Carbono Neutro ( CCN), trata-se de uma marca-conceito desenvolvida pela Embrapa que visa atestar a carne bovina que apresenta seus valores de emissão de gases de efeito estufa(GEE) neutralizados pela presença de árvores em sistemas de integração do tipo silvipastoril (IPF- Integração Pecuária Floresta) ou Agrosilvipasotoril ( ILPF – Intrgração Lavoura-Pecuária Floresta. A marca-conceito CCN foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial( INPI) em versões português e inglês, sendo o processo parametrizado e auditável.
A emissão de Gases de Efeito Estufa é a produção e a emissão para a atmosfera, de gases com potencial para aumentar a temperatura e provocar o aquecimento global, conhecido como efeito estufa, promovido por diversos gases, com maior ou menor potencial de aquecimento, produzidos natural ou artficialmente em vários ramos das atividades econômicas. Na agropecuária os principais gases produzidos pela atividade são o dióxido de carbono( CO2), o óxido nitroso (NO2) e o gás metano( CH4).
O CCN, surgiu em 2012, durante o “ II Congresso Colombiano e o I Seminário Internacional de Silvipatoreo” realizado na Colômbia, onde dentre outros assuntos, foi abordado o papel dos Sistema Silvipastoris como estratégia real para o enfrentamento de futuros cenários de mudanças climáticas. E na oportunidade foram apresentadas as experiências brasileiras com Sistema ILPF, quando no decorrer das discussões e plenárias , os representantes do Brasil , vislumbraram a ideia de uma marca que garantisse e certificasse a produção de carne brasileira proveniente de sistemas silvipastoris e agrosilvipastoris com a mitigação de gases de efeito estufa. A partir de várias discussões técnico-científicas entre pesquisadores da Embrapa, que culminou com o registro no INPI ( Instituto Nacional de Propriedade Industrial) da marca-conceito “ Carne Carbono Neutro” ou “ Carbon Neutral Brazilian Beef “. Cujo objetivo inicial é a neutralização das emissões de metano entérico dos bovinos em pastejo nos sistemas acima mencionados. E as emissões de metano, representam a maior parte das emissões de GEE.
A Embrapa instituiu o selo CCN, em versão português e outra em inglês, podendo ser utilizada para carnes bovinas frescas, congeladas e transformada, para mercado interno e externo. E para se obter o selo, o produto final deverá atender todos os pré-requisitos e parâmetros inerentes ao conceito estabelecido pela Embrapa, no documento intitulado “ Carne Carbono Neutro” um novo conceito para carne sustentável produzida nos trópicos, válido nacional e internacionalmente, no qual se estipula as etapas mínimas necessárias para sua obtenção, atendendo os seguintes requisitos: 1) Compromisso de implantação de projeto de sistema de ILP e ou ILPF, com base no PLANO ABC do Gov. Federal e nas instruções técnicas da Embrapa; 2) Avaliação Técnica das emissões de carbono, com base nos índices zootécnicos da propriedade, considerando as emissões de GEEs por animal ; 3) Cálculo de carbono fixado, a partir de inventários florestais anuais, estabelecidos pela Embrapa; 4) Cálculo de neutralização das emissões , a partir da avaliação técnica das emissões do metano e do cálculo do carbono fixado no fuste das árvores( parte principal do tronco das árvores, do solo às ramificações) do sistema IPF/ILPF; 5) Garantia de estoque de carbono no componente arbóreo deverá continuar imobilizados em seus produtos, por um período mínimo , conforme estabelece a legislação vigente.
O selo é atribuído ao produto (carne), mas ao indicar que o mesmo foi produzido em condições adequadas de manejo da pastagem e do solo, promovendo conforto técnico e a mitigação de metano entérico dos animais em pastejo, a propriedade pode ser reconhecida pela adoção e práticas sustentáveis.
A carne CCN e a carne tradicional, visualmente e do ponto de vista de qualidade, não são diferentes. No entanto a carne com selo CCN, garante que os bovinos que deram origem à carne tiveram suas emissões de metano entérico compensadas durante o processo de produção pelo crescimento das árvores no sistema. Ademais, como há a presença de sombreamento no pasto, permite-se aos animais um ambiente tecnicamente confortável e alto grau de bem-estar. E para a produção de carne CCN, necessariamente, devem ser utilizados sistemas em integração lavoura pecuária floresta ou integração pecuária floresta, ou seja as áreas de pastagens devem ser adequadamente arborizadas com espécies madeireiras, economicamente mais viáveis ( Eucalipto). Pois além das vantagens acima citadas, a adoção dos sistemas, apresenta potencial de produção de créditos de carbono excedentes, que poderão abrir precedente para comercialização no mercado.
No Maranhão o Plano ABC começou a ser implantado em 2012, quando foi criado o Grupo Gestor Estadual (GGE), composto por 12 entidades públicas e privadas do segmento agropecuário, em seguida foi elaborado e publicado no Diário Oficial do Estado, o Plano Estadual em 2014. E de 2015 a 2017, através do convênio MAPA/SAGRIMA, foram realizados 07(sete) eventos de capacitação de técnicos (183) nas principais tecnologias do ABC e em Elaboração de Projetos do Programa ABC. E a reboque do Plano ABC Estadual, veio o ABC Cerrado(CNA/SENAR), e a implantação de Unidades Demonstrativas, Dias de Campo, Seminários e Cursos, com apoios logísticos e técnicos da SAGRIMA, FAEMA/SENAR, EMBRAPA COCAIS E MEIO NORTE, UEMA e IFMA, com ações em diversas regiões do Estado, para divulgação e implantação das tecnologias, até 2018. E para o quadriênio 2019/2022, pretende-se intensificar as ações com recursos do Estado, ampliando as parcerias e pleiteando novos convênios junto ao Ministério da Agricultura.
São Luís, 06 de fevereiro de 2019.
Fonte: SAGRIMA